sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Quarto 214




Reservaste-nos um quarto
Num hotel da Campanhã;
- Deixa a roupa em desalinho,
 Desaperta o soutiã!

- Não tenhas pressa, amorzinho,
Deixa ver teu corpo inteiro;
Ama-me devagarinho,
Quero sentir o teu cheiro!

- Mas o tempo não demora
E o meu relógio não pára!
- Tapa a luz, que ela cora
Quando toca a minha cara!

Desmanchámos esta cama,
Lençol de baixo e de cima,
Nossos corpos em poema,
A nossa paixão em rima.
Senti teu corpo tremendo,
Como se aragem passasse
Vendo os teus olhos gemendo,
E fundo em ti eu tocasse.

Levantaste-te assustada.
O tempo parou de repente.
- Não tenho culpa de nada!
Foi somente um acidente.
- Sexo, sexo, sexo, sexo!...
- É só isso que tu queres?
- Não digas coisas sem nexo.
- Quero um filho, se mo deres...

A água ia correndo.
Quizeste que ela lavasse
O teu pecado escorrendo.
Eu só queria que parasse!

Regressaste ao nosso leito
Onde me quedei sentado.
Encostaste-me ao teu peito.
Senti-me de novo amado.
E de novo a correria
Do desejo renovado,
Abraçou-nos em volúpia
Até se ter esgotado.

Fechei a porta do quarto
Do hotel na Campanhã.
O nosso segredo, lá dentro,
Dorme até de manhã...