quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Suicídio




Rezei mil vezes à morte,
Mas a vida foi mais forte,
Ou então não tive sorte!

Era assim mesmo que queria,
Não terminar mais um dia,
Que a luz do mundo apagasse,
Que tudo, enfim, acabasse.
Tive então a bela ideia
De beber um mata-rato,
Mas lembrei-me que era chato
Se só desse diarreia.
Pus uma corda ao pescoço,
Mas sem trave para apertar,
Tentei  jogar-me num poço
Mas já sabia nadar!

Rezei mil vezes à morte,
Mas a vida foi mais forte,
Ou então não tive sorte!

Pensei que tomar comprimidos
Seria a melhor solução,
Mas alguns eram compridos,
Outros não os tinha à mão.
Peguei então na pistola
E encostei-a à tola,
Para minha frustração
Faltava-me a munição!
A faca que quis usar
Só cortava uma tarte,
Mesmo para me matar
Sou inútil nessa arte.

Rezei mil vezes à morte,
Mas a vida foi mais forte,
Ou então não tive sorte!

Diz-me tu se há maneiras
De morrer sem sofrimento,
Pois afogar-me em banheiras
Está longe do pensamento.
Diz-me tu se há algum modo,
Se há algo para beber,
Que me tire deste lodo,
Que me mate sem doer.
Diz-me tu, mas sê sincera,
Se vale a pena viver,
Pois és tu a minha fera,
És tu quem me fez sofrer.

Rezei mil vezes à morte,
Mas a vida foi mais forte,
Ou então não tive sorte!

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