Diário de Bordo - Dia 1
Quero ser nascente de água,
Fio líquido descendo
Pela encosta da montanha.
Tornar-me desde riacho,
No ribeiro que se despenha
Em ti ribeira que aguarda,
A minha chegada em sanha.
E depois tornar-nos rio,
Correndo de braço dado,
Tendo o mar como destino.
Determo-nos só em barragens
Descansando das correrias,
Por entre pedras e galhos
Em cursos largos e fundos
Ou só pequenos atalhos,
Desvios e reencontros,
Trazendo no nosso leito,
Vida vária criada
Quase a partir do nada.
E saltando das barragens
De novo um só regato,
Vamos juntando outros mais,
Ou nós a eles juntando,
Embalando em alguns cais
Os barcos, que descansando
Se preparam ansiosos
Para o momento engano
Em que indo, pensam que vão,
Quando logo estão chegando.
E quando já repousados
No mar que era destino,
Sermos em vapor levados,
Formando nuvens no céu
Que formado o escuro véu,
Nos largam lá das alturas,
Sem sentirem amarguras
Por nos irem sepultar,
Pois tudo vai recomeçar.
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