quarta-feira, 9 de junho de 2021

Diário de Bordo - Dia 1

Quero ser nascente de água,

Fio líquido descendo

Pela encosta da montanha.

Tornar-me desde riacho,

No ribeiro que se despenha

Em ti ribeira que aguarda,

A minha chegada em sanha.

E depois tornar-nos rio,

Correndo de braço dado,

Tendo o mar como destino.

Determo-nos só em barragens

Descansando das correrias,

Por entre pedras e galhos

Em cursos largos e fundos

Ou só pequenos atalhos,

Desvios e reencontros,

Trazendo no nosso leito,

Vida vária criada

Quase a partir do nada.

E saltando das barragens

De novo um só regato,

Vamos juntando outros mais,

Ou nós a eles juntando,

Embalando em alguns cais

Os barcos, que descansando

Se preparam ansiosos

Para o momento engano

Em que indo, pensam que vão,

Quando logo estão chegando.

E quando já repousados

No mar que era destino,

Sermos em vapor levados,

Formando nuvens no céu

Que formado o escuro véu,

Nos largam lá das alturas,

Sem sentirem amarguras

Por nos irem sepultar,

Pois tudo vai recomeçar.

 

 

 

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