quarta-feira, 14 de maio de 2008

Acorrentado


Sangra-me a tua ausência como um espinho cravado nos pés que caminham nos meus dias. Instala-se a solidão na mudez do teu espaço que me ocupa totalmente. Dias a fio sem te ver... Dias a fio em que me atormentas com o teu silêncio enquanto tudo em mim grita por ti, tudo em mim anseia por um olhar teu, uma palavra tua, uma suave carícia da tua pele na minha, um som dos teus lábios nos meus ouvidos, um pequeno roçagar em mim. Invadem-me as recordações desejadas, aquelas que me provocam saudade de não terem sido, um sentimento de perda de algo que nunca tive. Rejeito as madrugadas que não te encontram no meu leito, as manhãs que não me encontram contigo à mesa de um café conversando futilidades, as tardes que não nos passeiam de mãos dadas nos jardins cúmplices do nosso amor inexistente, o entardecer sem um pôr-do-sol partilhado nos olhos. Rejeito os dias de chuva sem te ter junto à lareira olhando na janela as gotas de água escorrendo e o cinzento exterior contrastado no brilho dessa lareira da nossa casa imaginada. Rejeito o som do granizo no telhado desse ninho de amor em noite de invernia, imagem dos meus dias sem ti...
Deixa-me sonhar outra vez!

2 comentários:

Anónimo disse...

Pra quê falar, escrever ou sonhar...?
os mundos que nos rodeiam são diferentes e nem estamos, ambos, interessados em transpôr...
O desprendimento é a melhor solução para a falta de tempo.
O relógio e o calendário já não estão disponíveis para aturar caprichos teimosos de adolescentes que já não o são...

Anónimo disse...

O sonho pode ser uma tormenta maior do que o silêncio que se impõe e, nesse caso, passa a pesadelo...
Mais vale os sonhos dos 20 do que os pesadelos dos 40...