sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Salta-pocinhas


Salta-pocinhas, o tempo,
Não tem regras nem horários,
Abre as portas, imprudente,
Aos fantasmas dos armários.
Brinca e pula, traquina,
Matreiro, espreita à esquina,
Ginete, rasteira e domina!
Traz nos bolsos o passado,
Que vai largando em migalhas,
E no meio doutras tralhas,
Brilha a tábua do sobrado
Onde escondeu seus tesouros,
Misturando nos seus ouros,
Os seus perdidos amores,
Com os trágicos temores
De tudo ter regressado
Ou não estar ultrapassado!
Soubesse eu onde ele esconde
A chave para o trancar,
Jamais ele ousaria
Volta e meia me assombrar!