quinta-feira, 2 de junho de 2016

Homeless


São estreladas as noites
Quando as nuvens não acordam,
Este quarto a céu aberto
É todo meu, se concordam.
Tanjo às vezes um bandolim
Ou um órgão desafinado,
Por companhia um mastim,
Cão de rua arraçado.
Meu colchão é de papel,
Ou de cartão apanhado,
A rua é o meu hotel,
O meu quarto em qualquer lado.
Trabalho por uns tostões
P'ró tabaquito ou p'ró charro,
Bebo vinho aos borbotões
Enquanto arrumo um carro.
Possuo o mundo em redor
Mesmo não tendo dinheiro,
Afastam-se todos de mim...
Será de medo ou do cheiro?
Vivo ao pé de tanta gente,
Vagueio na multidão,
Quem me vê já não me sente,
Acompanho a solidão.