quarta-feira, 28 de maio de 2008

Alma Vaga


Solta-te minh’alma presa
Junta o voo ao teu bando
Em busca da luz acesa
Que fraca vai apagando,
Essa luz que em cada dia
Se renova em esperança
Te provoca a agonia
Da vertigem dessa dança,
Desse imparável volteio
Que renasce a toda a hora,
Desse infindável receio
De sentir que vai embora,
A chama que te alumia
Esse trilho abandonado
Onde vagueias perdida
Sem chegar a qualquer lado,
Onde caminhas sem passos
Inquieta e naufragada,
Onde mergulhas abraços
No vazio do teu nada.
Voa em raiva renascida
Nessa busca desesperada,
Da terra do nunca perdida
Entre a noite e a madrugada,
Como Fénix renovada
Por uma morte queimada,
Fazendo das chamas vida
Nas cinzas reencontrada.
Dança livre na loucura
Do vazio que te tapa
Como vontade futura
Que de ti sempre se escapa,
Como desejo incoerente
Como anseio desesperado,
Dança minh’alma indigente,
Faz de conta que és de gente
E não deste pobre coitado…

Christian de La Salette

1 comentário:

Anónimo disse...

Achama não se apaga porque persiste em arder; arde de cinzas, de pó, de fuligem, mas insiste em arder,lentamente,pra que não julgues desvanecer o que, de facto, ja não devia estar vivo; mas que queres, o Destino é assim...