terça-feira, 13 de outubro de 2015

Nado anseio




Ainda assim foste gente,
Tiveste forma definida,
Cresceste na minha mente,
Pouco a pouco sendo vida.
Tiveste olhos castanhos,
Azuis verdes ou escuros,
Cabelos de todos tamanhos,
Passos leves mas seguros.
Vestiste sedas e folhos,
Bandolete a condizer,
Saias tuas eram molhos,
Vestias-te só pr'a te ver.
Chutaste a bola com força,
Correste a par com o vento,
Mais veloz que uma corsa,
Mais rápido que o pensamento.
E como ias tão triste
No primeiro dia de escola,
Mas logo a seguir te riste
Ao chutares uma bola!
Tão nervosa e insegura
Na tua apresentação,
Mas levaste-me à loucura
Comovido de emoção.
E quando tão orgulhoso
Terminaste o teu curso,
Sabias que era apenas
O início de um percurso.
Foste médica, enfermeiro,
Engenheira ou diplomata,
Professora ou carpinteiro,
Advogada ou pirata.
A tudo isso assisti;
Imenso e paterno sorriso
Estando a ver-me em ti;
Prolongamento preciso...

Fico triste ao saber
Que quando chegar o fim,
Tudo acaba por morrer,
Não fico depois de mim.
E sei com muita amargura,
Que não te vendo crescer,
Torna esta vida mais dura.
Há quem morra sem nascer...

Foste gente, foste gente,
Apenas na minha mente.

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