Refeição
Vou comendo o
mundo com os olhos, e a saudade sentada junto a mim, à beira-mar. Vou-me
alimentando com essa refeição ocular de cores: o mar saltitando nas rochas e
deixando um rasto espumoso de leite, o rio entrando nesse mar, verde das
algas, terminando a sua viagem misturando-se com o azul e branco. Vou-lhes sentindo
os cheiros, aqui nesta falésia que limita o avanço deste corpo que
se alimenta pelos olhos, enquanto a saudade se senta ao pé de mim. Desço até à areia
e deito-me junto à ausência do teu corpo onde a saudade se deita também. Os
meus olhos vão comendo o mundo e eu nunca fico saciado. Fecho-os numa
pausa alimentar. Corpo e alma em digestão conjunta. Largo-me aqui, exaurido,
esperançado que esta refeição me
retempere as forças e me reencoraje.
Sei-te em
qualquer lado! Assim mo disse a saudade, essa minha companheira de jornada.
Está aqui, já to disse, deitada na areia a meu lado, no lugar que devia ser teu,
no mesmo sítio da tua ausência. Faz-me companhia…
Sei-te… Sinto-te, como sinto esta brisa que passa por mim e me eriça os pelos. Cheiro-te também, nos mesmos cheiros que me trazem momentos conjugados e sabores que quero repetir. Imagino-te parte desta refeição. Entrares em mim através dos olhos... Mas para isso era preciso que saísses de mim, pois tu estás sempre presente, ainda que a saudade de ti me acompanhe. Contraditória esta sensação... Vives comigo e estás ausente. És parte de mim mas não estás aqui. Sinto-te, mas sinto com mais força a tua ausência.
Vou comendo com os olhos o mundo. A minha voracidade é enorme e a fome de ti nunca se acaba.
Sei-te… Sinto-te, como sinto esta brisa que passa por mim e me eriça os pelos. Cheiro-te também, nos mesmos cheiros que me trazem momentos conjugados e sabores que quero repetir. Imagino-te parte desta refeição. Entrares em mim através dos olhos... Mas para isso era preciso que saísses de mim, pois tu estás sempre presente, ainda que a saudade de ti me acompanhe. Contraditória esta sensação... Vives comigo e estás ausente. És parte de mim mas não estás aqui. Sinto-te, mas sinto com mais força a tua ausência.
Vou comendo com os olhos o mundo. A minha voracidade é enorme e a fome de ti nunca se acaba.
1 comentário:
Vives comigo e estás ausente. És parte de mim mas não estás aqui. Sinto-te, mas sinto com mais força a tua ausência.
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