segunda-feira, 21 de abril de 2008

Ainda...

Julguei amansadas as correntes dos meus rios. Pensava-me livre... Não reparei nas cascatas que se precipitam em mim, esqueci-me que as barragens apenas contêm a água temporariamente; algum dia as comportas teriam de abrir e as águas calmas da albufeira hão-de precipitar-se em tropel e retomar o percurso interrompido. As minhas comportas abriram-se ... Regressam ao seu leito as cristalinas águas, cheias de transparências aparentes, prenhes de minúsculas vidas incolores, invisíveis aos teus olhos. Retomam-se os cursos inacabados...
Afinal a dor só adormece, nunca acaba, talvez até se esconda atrás das portas que vou fechando em mim, por detrás das janelas fechadas ao conhecimento. A dor transporta-se em rios, é uma das suas minúsculas vidas. E os rios das dores afinal nem são rios... São tempestades, ribombar de trovões inesperados que me assustam, relâmpagos que me atingem e queimam e ferem e assam por dentro; raios que me separam em múltiplas partes de mim mesmo, em pedaços que se despedaçam, que se juntam, fundem, se reconstroem e quebram novamente... Um contínuo reviver, um eterno perecer...

1 comentário:

Anónimo disse...

Não sei versejar mas gostava que entendesses que o meu sentimento está uníssono com o teu.