quinta-feira, 10 de abril de 2008

Resquícios


Vou escrever-te um poema merecido,
Que saiba descrever-te por inteiro,
Te permita ver o mundo colorido,
Onde vivas um sonho verdadeiro.
Um poema sem lugar p’ra duras guerras,
Crianças esfaimadas ou doentes,
Longe da miséria d’outras terras,
Perto dos desejos mais urgentes.
Um poema sem promessas não cumpridas,
Sem desejos esmagados ou esquecidos,
Cheio de esperança noutras vidas,
Longe de caminhos já perdidos.
Um poema de paletas p’ra pintar,
A cor da tua alma junto ao mar,
O sopro da ternura em teus cabelos,
Um beijo de carinho ao luar.
Poema com poder de alterar,
Tudo o que na vida te rodeia,
Mudar meu corpo para se tornar
No corpo de quem teu coração anseia.
Poder mudar o tempo p’ra ficar,
Quieto quando te tenho nos meus braços,
Parado embevecido a contemplar
Teu corpo lânguido envolto nos abraços.
Poema de te ter só para mim,
De corpo inteiro e em todo o pensamento,
Poder fazer contigo um jardim,
Recantos partilhados só com o vento.
Poema a sussurrar palavras mansas,
De te fazer com o hálito um colar,
Experimentar contigo novas danças,
Aprender as outras formas do amar.
Poema a desenhar futuros novos,
Entrelaçados num futuro teu,
Comungando contigo noite e dia,
Enxertar a tua vida no que é meu.

Christian de La Salette

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