quinta-feira, 6 de março de 2008

Dorme meu amor, dorme



Dorme serena, amor, dorme
Velarei por ti de noite,
Imagina-me a teu lado;
Nem que o sono me açoite,
Ficarei sempre acordado.
Dorme, meu amor, dorme...
Já não faz vento lá fora,
Já fugiu a tempestade,
Fui eu quem os mandou embora,
Disse-lhes que já era tarde.
Não quero que que vos acordem
Nem a ti, nem teus meninos,
Mandarei calar os sinos,
Pararei toda a desordem,
Tudo ficará em ordem.
O teu descanso sagrado
Ninguém há-de perturbar,
Calarei todo o ruído,
Mandarei calar o mar,
Ninguém te pode acordar.
Velarei por ti atento,
Até ao romper do dia,
Nenhum sopro, nenhum vento,
Nem o ar da maresia,
Têm minha permissão
P'ra andarem em correria,
Brincando na confusão,
No auge da euforia;
Nem pinheiros na floresta
Sussurrando entre si,
Têm minha autorização
Para te acordar a ti.
Nem o frio, nem geada,
Nem o sol da madrugada,
Nem a lua a brilhar,
Te poderão despertar.
Dorme meu amor, dorme!

Christian de La Salette

2 comentários:

Anónimo disse...

Adorei este poema, sobretudo porque passei muitos anos a dormir em sobressalto. Ainda bem que alguém se preocupa em velar pelo meu sono... Obrigada.

Anónimo disse...

O meu sono é partilhado com aquele que deseja árduamente o meu sossego.