domingo, 2 de março de 2008

Engana-me

Vem esta noite a minha casa,
Vender-me as tuas ilusões,
Leva-me contigo enganada,
Não há esperança nem razões,
Para me deixares acorrentado,
Ao perfume que deixaste para trás,
Leva-me contigo encarcerado,
No teu olhar, nas tuas condições,
Sabes como é viver assim,
Chorar sem dor, rir só por sofrer,
Leva toda esta trapalhada
Em que se transformou o meu viver,
Deixa-me nalgum canto do olhar,
Quando o teu amor se distrair,
Olhando para quem não te quer dar,
O mundo inteiro que te quer sorrir.
Vem esta noite habitar,
Na neblina que me tapa o céu,
Traz-me a tua luz p’ra acreditar,
Que aquilo que há em ti é tudo meu.
Deixa-me habitar teu coração,
Entrar nos pensamentos que tu tens,
Abre-me as janelas da paixão,
Fingir que quando vais, afinal vens.
Mente-me de forma descarada,
Atira-me rosas doces de bordel,
Faz com que esta mascarada
Seja uma farsa, um livro de cordel,
Engana-me com falas de menina,
Que vai ao baile para ver dançar,
A música que baila sozinha,
No tua forma dança de andar.
Rodopia à minha volta incessante,
Faz-me entontecer só de te olhar,
Que o tempo é menino ignorante,
Dos anos que perdeste sem amar.
Deixa que uma gota de orvalho,
Pouse nas faces do teu pensamento,
Encontra então em mim um novo atalho,
Que te transporte na brisa do vento,
Nesse caminho a sós que partilhamos,
Quando um de nós o outro acompanha,
Separados quando juntos assim vamos,
Amando-nos sem ter a mesma sanha.
Vem esta noite a minha casa,
Deita-te comigo no meu leito,
Quero acordar de madrugada,
Ouvir o ritmo suave do teu peito.

Christian de La Salette

1 comentário:

Anónimo disse...

Ao ler estas palavras, entre as outras que todas as noites eu visito, quase sou tentada a mentir, para voltar a acreditar no amor...